A Lenda do Lago Mágico de Leiria (PARTE 2)  

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 (continuação...)

Viram a princesa correr. Correu até mais não poder, e só parou quando chegou ao seu lugar preferido, o bonito vale que lhe servia de conselheiro. Aí ajoelhou-se e, pela primeira vez desde que recebera a notícia, chorou. Chorou toda a tristeza que lhe ia na alma. Chorou toda a dor calada durante os dias anteriores. Chorou toda a beleza perdida para sempre dentro de si. Chorou o amor que não viria mais a sentir. Chorou durante todo o dia e toda a noite. Chorou até adormecer exausta.

Nessa noite a princesa sonhou que o seu amado viera confortá-la. Que estava do outro lado do vale à sua espera. Acordou ainda antes do romper da aurora, convicta de que o seu sonho era real. Levantou-se e correu em frente, para atravessar o vale e encontrar aquele cujo regresso tanto desejava.

Ao correr sentiu os pés molhados, talvez pela humidade da manhã. Logo de seguida as pernas, os joelhos, o tronco. A princesa percebeu que onde antes estivera um vale havia agora um lago. Um lago nascido das suas lágrimas.

A princesa não deixou que isso a travasse, e nadou até à outra margem. Aí, exactamente onde sabia que o encontraria, viu o seu príncipe que jazia ferido no chão. Não estava morto, como por engano a tinham feito acreditar. Estava cansado, um pouco ferido, mas bem. O príncipe, ouvindo um ruído, acordou para ver à sua frente a mulher que amava, ainda molhada do lago que acabara de atravessar. Abraçaram-se ambos e prometeram nunca mais se deixar.

Os dois casaram, e reza a lenda que foram muito felizes, vivendo uma longa vida de paz e amor lado a lado. Servindo de exemplo de harmonia e bondade para todo o povo.

Quanto ao lago, continua ali, bonito, imponente, junto à cidade de Leiria. Os leirienses dizem-no mágico. É um símbolo de desejos realizados e de amores indestrutíveis. Sabem que ao banhar-se nas suas águas encontram uma magia inexplicável. Algo que lhes muda as vidas e que só poderia ter vindo de todo o amor e bondade da antiga princesa.

Ainda hoje os leirienses procuram o lago em momentos especiais. Às vezes para desabafar as suas mágoas, ou mesmo para que as suas lágrimas se juntem às da princesa. Outras vezes para pedirem que a pessoa amada regresse. Diz-se que ao banhar-se nas águas do lago uma pessoa encontra mais facilmente o amor da sua vida. E diz-se ainda que uma jura sincera de amor feita junto ao lago, resulta num amor que ninguém poderá quebrar.


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Esta história é uma recolha de Matheus Martins de Almeida e Miranda, baseada nas lendas de Leiria, contadas pelos habitantes. Foi inspirada pelas conversas com os locais, principalmente as Damas Vst e Sbcruglio, e é uma homenagem à cidade de Leiria.

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