Alcoa acabara de amanhar a pequena parcela de terra, que lhe coubera em herança. O Sol, numa fraqueza de agonia, desaparecia na linha do horizonte. E o rapaz, braços fortes de quem trabalha rosto sadio, foi com a pressa de um apaixonado até a pequena barraca onde vivia a jovem dos seus cuidados. Ao vê-la, o seu rosto iluminou-se, como se aquele sombrio ocaso fosse a mais linda manhã de Maio. Ela correu para ele. O rapaz acariciou-lhe os cabelos.
- Meu amor! Se este ano tiver sorte, em breve estaremos casados.
A rapariga encostou a cabeça no peito do noivo, murmurando enleada:
- Quem me der, meu querido, quem me dera! Tenho tanto medo do futuro.
Surpreendido, Alcoa obrigou-a a olhá-lo, levantando com uma das mãos o queixo bem recortado da sua linda noiva.
- Tens medo de quê? Não contas com os meus braços fortes, com o meu espírito de lutador? Estou habituado a amanhar a terra. Conheço todos os segredos da Natureza.
Ela sorriu-lhe.
- Eu sei, mas enquanto não me vir junto de ti , dentro da nossa casa... compreendes... vivo cheia de temor pelo que nos possa acontecer.
- Que hei-de dizer-te, Baça? Afasta esses pressentimentos! Ajude-me o tempo nas colheitas que estão para vir, e tu verás!
Deram as mãos com calor. Juras eternas voltaram a repetir-se. E o sol morria aos poucos, lá ao longe, enquanto os jovens trocavam um beijo de amor.
O tempo das colheitas estava próximo. Havia, porém, muita ansiedade no coração de todos os lavradores daquelas terras, para os lados de Leiria. E numa noite em que a ventania zunia lá fora, alguém bateu fortemente á porta da cabana do jovem Alcoa.
Assim que abriu a porta, uma rajada de vento entrou, quase o derrubando. Num impulso de coragem, Alcoa fechou a porta. Então, dentro da casa, o vento girou num rodopio e, de súbito, transformou-se numa figura estranha que sorria, fitando os olhos pasmados do jovem aldeão. Ouviu-se uma gargalhada e o desconhecido falou:
- Não te amedrontes, não venho fazer-te mal. Quero apenas propor-te um negócio. Se estiveres de acordo comigo, dar-te-ei a possibilidade de conseguires colheitas maravilhosas, e poderás casar ainda este ano, como é teu desejo.
Alcoa arregalou os olhos, num espanto sincero.
- Mas como sabe o senhor que eu estou para casar?
Outra risada, ainda mais insistente, deixou um frio na alma do jovem Alcoa. Mas já o visitante respondia:
- Eu sei tudo, meu rapaz... Eu sei tudo! E só pretendo uma troca, uma simples troca. Eu dou-te a garantia da melhor colheita de todos os tempos e tu assinas um documento no qual me concedes toda a tua terra. Estabeleces um pacto comigo, tu dás-me apenas a tua terra, que se tornará maior e melhor e eu dou-te a certeza de poderes casar e ser feliz. Com o rendimento da própria terra terás riqueza e poder. Serás mais forte que os ricos e mais temido que os poderosos.
- Meu amor! Se este ano tiver sorte, em breve estaremos casados.
A rapariga encostou a cabeça no peito do noivo, murmurando enleada:
- Quem me der, meu querido, quem me dera! Tenho tanto medo do futuro.
Surpreendido, Alcoa obrigou-a a olhá-lo, levantando com uma das mãos o queixo bem recortado da sua linda noiva.
- Tens medo de quê? Não contas com os meus braços fortes, com o meu espírito de lutador? Estou habituado a amanhar a terra. Conheço todos os segredos da Natureza.
Ela sorriu-lhe.
- Eu sei, mas enquanto não me vir junto de ti , dentro da nossa casa... compreendes... vivo cheia de temor pelo que nos possa acontecer.
- Que hei-de dizer-te, Baça? Afasta esses pressentimentos! Ajude-me o tempo nas colheitas que estão para vir, e tu verás!
Deram as mãos com calor. Juras eternas voltaram a repetir-se. E o sol morria aos poucos, lá ao longe, enquanto os jovens trocavam um beijo de amor.
O tempo das colheitas estava próximo. Havia, porém, muita ansiedade no coração de todos os lavradores daquelas terras, para os lados de Leiria. E numa noite em que a ventania zunia lá fora, alguém bateu fortemente á porta da cabana do jovem Alcoa.
Assim que abriu a porta, uma rajada de vento entrou, quase o derrubando. Num impulso de coragem, Alcoa fechou a porta. Então, dentro da casa, o vento girou num rodopio e, de súbito, transformou-se numa figura estranha que sorria, fitando os olhos pasmados do jovem aldeão. Ouviu-se uma gargalhada e o desconhecido falou:
- Não te amedrontes, não venho fazer-te mal. Quero apenas propor-te um negócio. Se estiveres de acordo comigo, dar-te-ei a possibilidade de conseguires colheitas maravilhosas, e poderás casar ainda este ano, como é teu desejo.
Alcoa arregalou os olhos, num espanto sincero.
- Mas como sabe o senhor que eu estou para casar?
Outra risada, ainda mais insistente, deixou um frio na alma do jovem Alcoa. Mas já o visitante respondia:
- Eu sei tudo, meu rapaz... Eu sei tudo! E só pretendo uma troca, uma simples troca. Eu dou-te a garantia da melhor colheita de todos os tempos e tu assinas um documento no qual me concedes toda a tua terra. Estabeleces um pacto comigo, tu dás-me apenas a tua terra, que se tornará maior e melhor e eu dou-te a certeza de poderes casar e ser feliz. Com o rendimento da própria terra terás riqueza e poder. Serás mais forte que os ricos e mais temido que os poderosos.
Sugerido por Zdzlau_de para o Jornal de Leiria
Continua...
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Essa lenda faz parte do compêndio de Matheus Martins de Almeida e Miranda e já foi contada em praça pública pelo próprio.
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at segunda-feira, outubro 25, 2010
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Passatempos,
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